sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sugestão de teatro: Campanha da Fraternidade 2012

O texto teatral abaixo é do Escritor Emílio Carlos, serve para ser encenado na Missa com jovens e adultos. O texto fala sobre o tema da CF 2012. Espero que você goste e encene na sua paróquia. 


O Médico que queria ser jogador de Futebol
Texto teatral CF 2012 - de Emílio Carlos 

(Sugestão: o narrador ser meio caipira, meio contador de causos) 

NARRADOR – Olá. Tudo bem? Hoje eu quero contar pra vocês a história do Marquinhos. O Marquinhos morava no meu bairro. Quando a gente era criança às vezes jogávamos bola num campinho que tinha ali – onde agora tem aquele prédio alto. 


O Marquinhos queria ser jogador de futebol. Mas... posso falar a verdade? Ele não tinha o menor jeito pra coisa. Nunca marcava um gol. 


Bom, teve uma vez que ele até marcou um gol. Mas foi gol contra. O Marquinhos sempre perdia as bolas que eu passava pra ele. E às vezes até... pisava na bola. 


O Marquinhos é filho do Dr. Eliseu, um médico muito bom que fez fama na cidade. O Dr. Eliseu era bom mesmo. Ele olhava pra você e dizia assim: - Olha, tem que tirar o apêndice. Batata! Podia contar que tinha que tirar mesmo. O que ele dizia era tiro e queda. Pra fazer cirurgia não tinha outro. O Dr. Eliseu fazia cada cirurgia complicada – mas no final tudo dava certo. O povo dizia que o Dr. Eliseu tinha as mãos abençoadas por Deus. 


Pois é: um dia o Dr. Eliseu chamou o Marquinhos pra uma conversa de homem pra homem. “Ô Marquinhos” - disse o Dr. Eliseu com aquela voz grossa dele - “já está tudo resolvido, viu? Você vai ser médico”. 


O Marquinhos não se conformou. E disse: “Mas pai: eu queria ser jogador de futebol”. 
Deixe de besteiras, meu filho. – disse o Dr. Eliseu – Você vai ser médico. 


O Marquinhos não gostou disso não. Chorou, emburrou, chiou – baixinho, senão levava um no meio do pé da orelha – e não gostou. Mas... fazer o que? Pra jogador de futebol ele não dava mesmo. E o pai já tinha percebido isso. 


O tempo passou, o Marquinhos cresceu e foi fazer faculdade de medicina em outra cidade. Com toda mordomia, hein? Carro novo, casa alugada, comida em restaurante, tudo, tudo, tudo. O Dr. Eliseu pagava tudo pra ele. Ah: e ainda dava 2 mil reais de mesada pro Marquinhos. 


Gente: o Marquinhos tava com tudo no balaio. E ele aproveitava, viu? 


Mas não pense que ele aproveitava pra estudar não, viu? Ele aproveitava que estava longe do pai e matava aula, bebia, namorava a mulherada... o Marquinhos era de entortar o cano, rapaz! 


Tá certo: ele era inteligente. Mas matava aula direto – e daí ele colava. Você já pensou um negócio desses? Colar na faculdade? E ainda por cima colar na faculdade de medicina!? O que que ele aprendia? Já pensou o Marquinhos formado médico? Ia pegar um paciente pra operar aqui o apêndice e zip! Cortava a perna do cara. Ah, você ri, né? Isso porque não é a sua perna, rapaz. (ri) Pensa o que? 


Um dia aconteceu: um professor da faculdade pegou o Marquinhos no pulo! Pegou ele colando! Gente: o Marquinhos suou frio. Ficou branquinho, branquinho assim que nem roupa de médico, né? Quase que ele repetiu de ano. E daí resolveu estudar. 


O Marquinhos estudou tanto que aprendeu, viu? Pode ficar tranquilo que agora ele não corta sua perna mais, viu? O Marquinhos aprendeu – porém ainda não gostava de medicina. E sabe o que é interessante: é que ele levava jeito pra coisa. 


Mas o Marquinhos ficava naquele sonho perdido da infância. Ficava naquela de ser jogador de futebol que não acerta a bola, só faz gol contra, um caso sério. E fazia a medicina de má vontade. 


Depois de muito estudar o Marquinhos se formou médico. E virou o Dr. 
Marcos. Olha ele aí. 

(entra Marcos com jaleco branco e estetoscópio. Do outro lado entram 2 pessoas doentes: um senhor e uma senhora humildes). 

NARRADOR – Olha aí os doentes precisando do Dr. Marcos. 

SENHOR – Doutor: eu estou com dor. 

MARCOS – (com má vontade) Todo mundo tem uma dor... 

SENHOR – Eu estou com dor nas costas. 


MARCOS – (escrevendo num bloco de notas) Sei... Está aqui a receita. 

SENHOR – Doutor: o senhor não vai nem me examinar? 

MARCOS – Pra que? 

SENHOR – Pra saber o que eu tenho. 

MARCOS – Eu sei o que o senhor tem: velhice. Próximo. 

(o senhor sai e a senhora se aproxima). 

SENHORA – Bom dia, doutor. 

MARCOS – Bom dia? Onde? 

SENHORA – Eu vim falar com o senhor porque... 

MARCOS - ...está com dor. 

SENHORA – É. 

MARCOS – Eu sabia. 

SENHORA – Eu tenho muita dor de... 

MARCOS – Sabe: quem está com dor agora sou eu. 

SENHORA – O senhor? 

MARCOS – É. Dor de cabeça de tanto ver dor. 

SENHORA – Mas não foi pra isso que o senhor estudou? 

MARCOS – Não. Quer dizer, foi. Ah, eu não sei o que eu estou fazendo aqui? (joga o bloco de notas e a caneta e sai) 

SENHORA – (vai atrás dele) Doutor... doutor... 

NARRADOR – É, gente: esse é o Dr. Marcos. Ele ganha dinheiro, mas é infeliz. E é infeliz todo dia – não é só hoje não é só hoje não. O sonho de ser jogador de futebol já tinha passado faz tempo. Também com aquela barriguinha dele.. aquele jogador tinha metade dessa barriga e caiu fora. 
O Dr. Marcos era infeliz. Olha: eu não conheço ninguém mais infeliz do que ele. Seu único consolo era quando ele dormia. Dormia e não sonhava com nada. 

(Marcos entra, se deita e se cobre com o lençol). 

NARRADOR – Era um homem sem sonhos, que não se encontrou, que não sabia quem era, que não sabia porque estava aqui. E toda noite era 
assim: ele deitava e apagava. Mas nessa noite foi diferente. 

(Música. Luz forte em Jesus que entra e vai até Marcos). 

JESUS – Marcos. 

MARCOS – (se vira na cama) 

JESUS – Marcos. 

MARCOS – (acorda) O que é? 

JESUS – Eu lhe dei um dom, Marcos. 

MARCOS – (vê Jesus) O que? 

JESUS – Eu lhe dei um dom, Marcos. 

MARCOS – (sem entender) Um dom? 

JESUS – É, Marcos. Eu lhe dei o dom de curar. O que você está fazendo com ele. 

MARCOS – (sem jeito) Bem, eu... 

JESUS – Marcos: você está desprezando o dom que eu lhe dei. 

MARCOS – (abaixa a cabeça, envergonhado. Coloca o travesseiro na cabeça e chora) Perdão, senhor. 

(Jesus sai de cena, mas Marcos não percebe) 

MARCOS – Perdão, senhor! (chora, levanta e saiu andando com passos incertos e emocionados) Perdão... Perdão... 

(a música ainda soa mais um pouco e depois para). 

NARRADOR – Jesus tinha lhe dado o dom de curar. E agora Marcos tinha percebido isso. Essa era a sua missão. Foi o que o Marcos percebeu naquela noite. Ninguém sabe dizer se foi um sonho ou se foi real. Mas uma coisa eu sei dizer: o Marcos mudou da água pro vinho. Ele se transformou. Olha ele agora. 

(de um lado entra Marcos, e de outro lado entram o mesmo senhor e a mesma senhora). 

MARCOS – (educado e gentil) Quem é o primeiro? 

SENHORA – Sou eu, doutor. 

MARCOS – Bom dia, dona Romina! Em que posso lhe ajudar hoje? 

SENHORA – É aquela dor, doutor. Está doendo mesmo. 

MARCOS – Calma, dona Romina. Nós vamos resolver isso num instante. 

SENHORA – Obrigada, doutor. 

NARRADOR – É: o Marcos mudou mesmo. E hoje é o médico mais querido do hospital. Todos os pacientes gostam dele. É que o Marcos descobriu sua vocação. 
A saúde é feita de médicos, enfermeiros e funcionários dos hospitais. 
E também é feita pelos governos. O prefeito, o governador e o presidente são eleitos para cuidar da população. A saúde é responsabilidade de todos eles. É preciso cuidar da saúde do nosso povo – especialmente dos mais necessitados. Todos tem direito à saúde de boa qualidade. 
Quer uma dica: a eleição está aí. Preste bem atenção nas propostas dos candidatos. Analise quem trata a saúde com seriedade, quem tem boas propostas, pra depois você voltar. Olha: voto não tem volta: votou tá votado. Então muito cuidado ao escolher quem vai cuidar da nossa cidade nos próximos 4 anos. Ele é comprometido com a saúde? Tem propostas sérias? 
E não é só votar não, viu? Depois tem que cobrar. O “cabra” fala bonito, se elege e depois some? Não senhor! Tem que cumprir o que prometeu pro povo. Saúde é coisa séria. 
A saúde pública é coisa mais séria ainda. 
E que a saúde se difunda por toda a terra! 
Com a graça de Deus!

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