No Evangelho deste domingo, Jesus é descrito por Marcos com dois discursos incisivos: Jesus é o "mestre" que ensina; Jesus é o "libertador" que cura, porque a sua palavra é eficaz.
Jesus ensina com autoridade e ordena com eficácia, e lê, proclama e age, diz e faz, prega e cura. O profeta é aquele que fala "em nome de Deus." Jesus é o verdadeiro grande profeta. Ele ensina com autoridade, por meio de palavras e obras.
No sábado, entra e fala na sinagoga de Cafarnaum. Estão presentes muitas pessoas. Sua palavra provoca uma escuta excepcional. Todos estão de ouvidos bem abertos. Ele fala com autoridade. A sua é uma palavra que gera admiração, porque é novidade absoluta.
Lendo os Evangelhos, vemos que este é o seu estilo constante. Podemos realmente chamá-Lo de “o homem que encanta”. O "maligno" não é tomado de surpresa, mas pela raiva e pelo ódio. Ele sabe que aquele homem de Nazaré veio para libertar a todos do seu domínio. Chegou a hora de prestar contas com "o Cristo de Deus".
Impõe até mesmo: "manter calado e sair". Esta página do Evangelho nos põe de costas contra a parede e nos convida a fazer escolhas específicas, que têm o sabor de uma liberdade interior redescoberta, correndo o risco de parecer de outro mundo. Na verdade, nós, cristãos, estamos "no mundo, mas não somos do mundo". Diante de Jesus que ensina, qual é a nossa atitude? Diante de Jesus na sua luta contra o mal, quais os comportamentos que nos são exigidos? "O que tens a ver conosco, Jesus de Nazaré? Viestes para nos destruir?" A palavra de Deus sacode e corta a nossa “tranquilidade” e a "tranquilidade” daqueles que pregam e daqueles que a escutam.
Jesus veio para acender uma esperança no coração de cada homem e de cada mulher. E todos percebem imediatamente que a sua palavra não é aquela dos escribas. A sua palavra nasce de sua comunhão com o Pai. Esta é a fonte de sua "autoridade". Um anúncio, no entanto, tão reconfortante não é suficiente. Uma boa notícia pode aquecer o coração, pode dar confiança para aqueles que já se resignaram. Mas vem o momento em que você precisa ver sinais concretos daquela mudança que foi anunciada. É exatamente o que Jesus faz "em dia de sábado na sinagoga de Cafarnaum”.
Marcos, no seu texto, é bastante sóbrio nos detalhes: apresenta-nos um homem, "possuído por um espírito imundo", que está ali, na Sinagoga. Ele coloca diante de nossos olhos a ação de Jesus que livra a pessoa do seu sofrimento, da sua dilaceração, de sua escravidão.
E considerando todas as coisas, percebe-se que a descrição daquele homem e da sua doença é genérica. É bom para que todos nós possamos ver Jesus em um gesto que é confiado propriamente a Ele. O gesto de libertação é uma ordem para que o espírito do mal saia daquela criatura; é uma palavra forte que se propõe a trazer libertação e esperança a uma vida ofuscada pela presença mortificante do mal. E naquele mal nos é permitido reconhecer todos os males de que sofrem nossos irmãos, todas as situações de negligência, de abandono, de sofrimento, de tormento, de desânimo.
Em Jesus nos é dado um sinal claro, sem qualquer ambiguidade: Deus não hesita em travar uma luta contra o que nos mantém na escravidão. Deus compromete-se até o fim para nossa felicidade. Por isso é que seu Filho se tornou homem. Por isso não hesitará em lutar contra o mal e contra todo o ódio e brutalidade, contra qualquer mentira. Até ser condenado à morte de cruz. Até derramar o seu sangue. História de um amor que se manifesta com gestos precisos, exigentes, audaciosos. A história de um amor que nos liberta e que nos impele a fazer os mesmos gestos, fazer as mesmas escolhas.