Depois
de ser batizado no rio Jordão e ter superado as tentações no deserto,
Jesus foi para Cafarnaum e ali iniciou a pregação da boa notícia do
Reino de Deus, e, como não queria realizar a sua missão sozinho, mas em
comunidade, chamou discípulos. Os quatro Evangelhos nos contam que uma
das primeiras atividades de Jesus foi o chamado dos discípulos.
A iniciativa do chamado foi do próprio Jesus, pois Ele foi ao encontro das pessoas: “Caminhando
junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam
a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: ‘Vinde em meu
seguimento e eu farei de vós pescadores de homens’. E imediatamente,
deixando as redes, eles o seguiram” (Mc 1,16-18). Jesus estar
“caminhando”, é sinal de movimento, de busca e procura. Jesus vai de
encontro àqueles que Ele está procurando. O texto bíblico nos diz que
foi Jesus quem “viu” os dois pescadores e também o seu trabalho, o que
faziam e é este olhar de Jesus que nos encanta. Como Ele sabia ver bem
todas as coisas!
Jesus
chamou os dois, sabia os seus nomes e conhecia as suas identidades. O
chamado Dele também teve um objetivo que era o seguimento. Jesus era o
Mestre e era Ele quem ia à frente dos discípulos chamados que deveriam
segui-lo. Eles, que estariam com Ele e enfrentaram um caminho, tiveram
uma missão: a de serem pescadores de pessoas. Ao deixarem as redes no
barco para lançarem-se noutro mar, o projeto do Reino foi à nova barca
cheia, da não mais de peixes, mas de gente.
A
resposta dos dois discípulos foi imediata e decisiva: deixaram tudo o
que tinham e seguiram com a certeza de que estavam cansados de lançar as
redes e não recolher nada no perigoso mar. Todo pescador sabe bem
disso: há dias que o mar não está para peixe, mas neste dia – o dia do
chamado, aquele em que eles encontraram com Jesus – foi o dia em que se
encontram com eles mesmos. O texto bíblico confirma ainda que Jesus “um
pouco adiante viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles
também estavam no barco, consertando as redes. E logo os chamou. E eles,
deixando o pai Zebedeu, no barco com os seus empregados, partiram em
seu seguimento” (Mc 1,19-20).
Novamente
a iniciativa do chamado e do encontro foi de Jesus. Ao ouvir o seu
chamado, os dois irmãos deixaram o pai e os empregados, Pedro e André
deixaram o trabalho; Tiago e João os familiares. Todos deixaram as
tarefas que faziam para fazer algo diferente: colocaram-se a serviço do
Reino que Jesus já havia anunciado (Mc 1,15).
Pedro,
Tiago e João formaram o grupo dos três discípulos mais próximos de
Jesus e que estiveram junto Dele nos momentos mais decisivos (cf. Mc
1,29; 5,37; 9,2; 13,3; 14,33). Eles seguiram uma proposta, um projeto,
uma Pessoa. A partir deste momento, as suas vidas mudaram – e também
começaram a mudar o mundo através do anúncio da mensagem do Reino de
Deus. Quantos pescadores havia no mar da Galileia naquela época? E de
quem nós lembramos os nomes? Lembramos daqueles que foram capazes de
responder ao chamamento e seguir o Mestre.
Jesus
continua a caminhar e convidar, muitos são os chamados e poucos os que o
respondem. Hoje se continua a procurar, mas na maioria das vezes nos
lugares e pessoas erradas, por isso há tanta desilusão e frustração. Os
primeiros discípulos foram capazes de deixar a sua barca e seguir o
chamado de Jesus e seus nomes ficaram na história. O mesmo Jesus
continua visitando as nossas “barcas” e lançando o seu convite: Vem e
segue-me!
Frei Ildo Perondi - ildo.perondi@pucpr.br
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