...acreditamos que a quaresma e, mais ainda o jejum, pode nos levar a
repensar nossa relação com a bebida a começar em nossas famílias.
Quaresma é um tempo especial
na liturgia da igreja. São 40 dias de pura graça. Tempo forte de
abertura e sensibilidade para com a presença de Deus em nós.
Comprovadamente, necessitamos de um espaço para olhar a nossa vida e
buscar acolher o favor de Deus que nos convida a sermos novos. A oração,
penitência, jejum, esmola, lectio divina, confissão sacramental,
reflexões, partilha de vida fazem parte desse tempo. A sobriedade
litúrgica, através da omissão do hino do Glória, da aclamação do
Aleluia, redução de flores e ornamentações e sem solenizar demais as
celebrações, nos leva a concentrarmo-nos no que é essencial em nossas
vidas. A palavra de ordem é conversão.
Em Bethânia, nossos recantos vivem intensamente o tempo da quaresma. Principalmente, para nossos filhos é época privilegiada para rever valores e opções e, mais fundamentalmente, é ocasião para trabalho interior e luta consigo mesmo. São muitas as propostas de jejum que são assumidas comunitariamente, além das que são feitas pessoalmente. Não de forma fundamentalista ou reacionária, mas com energia, alegria e muita disposição.
É exatamente aqui, que jejum e disciplina ajudam muito. Cada um deve encontrar a renúncia certa para poder renovar-se por inteiro.
Aproveito para propor para você um jejum especial. O jejum da bebida. Alarmantes são os números e os reflexos do álcool em nossa sociedade. Pesquisas recentes assustam e trazem números para nos fazer pensar. Sobre álcool e violência constatou-se que de cada 10 agressões de homens a mulheres em nosso país 4 são feitas por homens alcoolizados. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) apontam que 10% da população brasileira enfrentam problemas com a bebida. A dependência do álcool faz parte da rotina de 8,2% dos idosos brasileiros, concluiu o estudo da USP. Alarmante: 1 entre cada 10 mulheres bebe de forma não saudável. Os dados mais atualizados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) – divulgados em 2005 – já mostravam que na adolescência, meninos e meninas consomem bebida alcoólica em quantidades semelhantes. Na faixa etária entre 12 e 15 anos, elas e eles apresentam índices de consumo em 5,6%. E pasmem, as meninas tendem a superar os meninos.
Claro. Não será o jejum de bebida e, não sejamos ingênuos, muito menos a quaresma que irá resolver o problema do uso e abuso de álcool e as conseqüências da dependência química. Porém, acreditamos que a quaresma e, mais ainda o jejum, pode nos levar a repensar nossa relação com a bebida a começar em nossas famílias. Que tal assumir como família, assim como fazemos como comunidade, algumas atitudes proativas e educativas nesse tempo de quaresma? Será que não valeria à pena ficar quarenta dias sem bebida alcoólica e até mesmo sem refrigerantes, pessoalmente e em casa?
Mas, o que mudará padre? Talvez, nada no exterior. Contudo, muito interiormente, se você permitir. Fortalece-nos. Além do mais, verdade seja dita: nada muda fora, se não mudar antes, dentro.
Aproveitemos esse tempo de quaresma. É kairós! Tempo de graça! Tempo de conversão!
Fique na paz de Deus!
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